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sábado, 23 de julho de 2011

"Bicho Homem"

Parecia bicho
Revirava o lixo com uma ferocidade 
Que metia medo.
Desde cedo
Vagava e se enfurnavana num mar de sacos pretos
E era preto, meu negro irmão de cor.
Fazia calor
E sua imunda vestimenta dava um aspécto repugnante
Àquele ser errante, desprovido de sorte.
Ninguém, nem a morte
(atrás dele vai)
E vai-se o dia, a noite cai, e vem a solidão.
Um enorme interrogação
Toma conta dele e o faz pensar
"Será que um dia isso vai mudar?", pensa consigo.
Seu algoz, seu inimigo
É alguém que não tem corpo nem face
Pensa que se lhe matassem, seria um a menos no mundo.
Porém, esse desejo profundo
Não o domina, e ele não leva isso adiante
Prossegue ele sua de andante, esperando um melhor porvir
De cabeça erguida e sem desistir
O pobre diabo labuta
Segue incessante na sua luta, por mais um pão de cada dia
Recolhe do lixo a comida fria
E devora-a como se fosse um rei
Até onde vai isso, eu não sei, é triste ver em tal situação um semelhante.
A vida é cruel bastante
Refugo da sociedade, ele é visto assim
Minha indignação me cala, isso é o fim, aqui na terra é o inferno...

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